É final de ano e época de retrospectivas, nos canais de tv, nas conversas de rua e principalmente dentro de cada um de nós.
A carta que escolhi como tema dessa retrospectiva é a Sacerdotisa, é ela que representa tão bem essa capacidade de mergulhar em nosso próprio oceano de sentimentos, experiências e mistérios e com ela iremos viajar juntos em busca de uma reavaliação da vida, um balanço interno que é sempre tão importante para alcançarmos o entendimento e o conhecimento de nossas aptidões e deficiências, sucessos e perdas, tudo isso num estudo mais profundo de quem somos e de quem queremos ser.
Uma pausa, um tempo, um recolhimento… apenas o suficiente para se ter noção de até onde chegamos e de que forma. Promover indagações a respeito dos caminhos escolhidos e dos não escolhidos, viajar no imaginário supondo o que poderia ter sido e não foi – Será que ganhei mais ou saí perdendo? Será que agi de acordo com minha alma ou me permiti ser influenciado(a)?
A Sacerdotisa sempre nos convida à reflexões, a analisar nossos erros, não como forma de punição, mas com a intenção de aprimoramento e evolução. Essa viagem quase nunca é bela, no trajeto dessas águas encontramos alguns monstros que deixamos ali submersos e escondidos e se o desejo de auto-análise é realmente verdadeiro, manter os olhos abertos e encarar face a face esses monstros é a melhor coisa a se fazer, pois o primeiro passo é aceitá-los, eles existem e são nossos, nós os criamos e os alimentamos e não adianta tentar destruí-los, são parte nossa, uma extensão de nós mesmos em outro plano. Chamamos esses monstros de medos, traumas, fantasias, receios e inseguranças e todos eles não deixam nunca de existir, mas se acalmam, perdem a força, ficam menos feios e não nos assustam mais.
A Sacerdotisa vai ao encontro de todas essas criaturas assombrosas, a fim de conversar com elas, olhos nos olhos e tentar saber delas o que as aflige, o que as está causando fúria ou revolta e como boa ouvinte, não julgará, não criticará, apenas vai ouvir silenciosamente e refletir. Desse processo é que surge a compreensão e a percepção de que aquele monstro tem suas razões, sensações e desejos e que é um elemento vivo sofrendo seus incômodos que são causados pela nossa ignorância.
Daenerys (Games of Thrones)
A imagem acima mostra perfeitamente a cena da Sacerdotisa acalmando seu monstro interior. O momento do entendimento de que aquele “ser” a pertence e ela tem responsabilidades sobre ele, não pode simplesmente abandoná-lo, nem ignorá-lo porque em algum momento ele surgirá num ato de revolta podendo causar muitos danos, não pode matá-lo, pois ele é parte dela, o matando sua própria vida perde a força. Melhor ter um monstro que atue ao seu favor do que contra, não é?
Nessa retrospectiva a Sacerdotisa nos aconselha a olharmos muito mais para os pontos mais obscuros e difíceis em nosso comportamento, sentimentos e atitudes do que para os pontos claros e ensolarados.
A grande sabedoria está em aprendermos constantemente, então que essa lição comece desde já, de dentro para fora.
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